RESUMO
Existem, em Portugal e noutros países, apesar de escassos, estudos sobre as representações da deficiência por membros da sociedade que pertencem à maioria social dominante, os indivíduos “normais”.
Porém, estudos em sentido inverso, abordando as representações da “normalidade” por parte de pessoas com deficiência, não existem ou se existem são tão raros que não se conseguem encontrar, usando os recursos disponíveis de pesquisa bibliográfica. Ora, é precisamente a falta de estudos sobre esta temática que o estudo realizado pretende ajudar a colmatar. Justamente este estudo pretende identificar, para compreender e explicar, que representações sobre a “normalidade” existem e como são partilhadas pelas pessoas com deficiência e que implicações têm na sua vida social. Abordam-se, igualmente, algumas experiências pessoais vivenciadas por estes atores sociais.
O método escolhido para a concretização da investigação foi qualitativo. A técnica adotada constou na realização de entrevistas, mais precisamente entrevistas diretivas, a uma amostra de 12 pessoas com deficiência motora, a partir de um guião previamente estruturado. Através da leitura e análise das entrevistas foi possível identificar vários indicadores, dimensões da vida social, que permitiram responder aos objetivos desta pesquisa. Esses indicadores permitiram perceber que a “normalidade” incute, nas pessoas com deficiência, uma idealização inatingível. As pessoas com deficiência não se assumem como “normais”, acabando por viver uma vida pessoal e social restrita. A “diferença” é conotada de modo negativo, reproduzindo-se o que a sociedade avalia como positivo – não possuir nenhuma deficiência para ser considerado “normal”.
Palavras-chave: deficiência, experiências, implicações, normalidade, representações sociais.