RESUMO
Esta dissertação trata do que se compreende como o Transtorno do Espectro do Autismo e a relação do mesmo com a experiência dos sentidos particular a estes sujeitos em confronto com os sentidos culturalmente hierarquizados no Ocidente. O objetivo geral desta dissertação consistiu em compreender as experiências dos autistas enquanto indivíduos patologizados pelo discurso médico-psiquiátrico na emergência de um conceito em construção, a neurodiversidade, em confronto com o conceito de experiência interior. Em termos metodológicos, inicio com uma breve genealogia do conceito de anormalidade, monstruosidade moral, e o direito a reparação de dano, para que possa explicitar estas relações com o contexto no qual o autismo foi “descoberto”, e a sua articulação teórica com os conceitos de neurodiversidade e biossociabilidade através do sujeito cerebral. Posteriormente, a abordagem prática, uma etnografia, que se fez presente através da participação observante, permitiu uma análise narrativa, e uma articulação teórica dos dados recolhidos a partir do conceito de experiência interior, articulando o sagrado e o profano contido na experiência dos sentidos onde a construção do conceito de sujeito se faz em distintas perspetivas. Este estudo espera contribuir para o conhecimento empírico do autismo como uma competência culturalmente organizada na criação de significados, a partir da perceção da experiência sensorial e performativa, um campo que indubitavelmente pertence a antropologia.
Palavras-chave: sujeito; poder; neurodiversidade, experiência.