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Reaprender a Viver: Trajetórias, aprendizagens e identidades de adultos com deficiência adquirida

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Reaprender a Viver: Trajetórias, aprendizagens e identidades de adultos com deficiência adquirida

Autora: Maria Benedita da Maia Lima | Estabelecimento de ensino: Instituto de Educação | ULisboa

 

RESUMO

O presente estudo procura promover o conhecimento sobre a realidade da deficiência, ao objetivar compreender como é que pessoas confrontadas com esta circunstância na idade adulta aprendem a viver com ela, identificando trajetórias, vivências e identidades com ela relacionadas.

Ancorado no paradigma relacional da deficiência – que a entende como produto da interação entre as circunstâncias pessoais e contextuais – este trabalho pretende dar voz a 21 adultos com deficiência neuromusculoesquelética adquirida, por via de uma abordagem metodológica qualitativa compreensiva que privilegia a escuta e a análise das suas narrativas sobre este plano da vida.

Os dados recolhidos permitem a identificação de tipos específicos de trajetórias biográficas pós-deficiência em quatro grandes domínios da vida, bem como modos diversificados de viver e se identificar com esta circunstância, que são influenciados por múltiplos atores e fatores, demonstrando que a deficiência é uma realidade complexa e com inúmeras facetas, muitas delas bem distantes da visão trágica corrente sobre ela. Mais concretamente, este trabalho permite constatar que, apesar das consequências dramáticas que acarreta e das alterações nas trajetórias biográficas que determina, a deficiência também pode representar uma oportunidade de crescimento e de amadurecimento pessoal, com repercussões pessoais e sociais positivas, reforçando a conclusão de que o ser humano é capaz de aprender em qualquer altura, lugar e circunstância da vida, promovendo a mudança dos contextos onde se insere. Será por isso que estas pessoas se tendem a considerar incluídas na comunidade a que pertencem, nomeadamente nos círculos restritos que frequentam, onde é possível assistir a um processo de “normalização” da deficiência, apesar da existência de uma transacção biográfica, por vezes tensional, entre a identidade atribuída (identidade para o outro) e a identidade reivindicada (identidade para si). Desta forma, pode concluir-se que adquirir uma deficiência implica o desencadeamento de processos de aprendizagem de cariz experiencial, com repercussões significativas, existenciais e transformativas, que podem e devem ser explorados para promover uma reabilitação mais equilibrada e inclusiva de quem passa por este tipo de situações.

Palavras-chave: deficiência; formação de adultos; aprendizagem; trajetórias de vida; identidade.

 

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